segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Eu sinto que a qualquer momento posso me jogar desse abismo que me segue todos os dias e que eu faço tanta questão de ignorar. Eu posso estar feliz, estar amando, estar tendo prazer em alguma coisa, mas nada é pleno pelo simples receio de que um passo em falso, e tudo vá por água abaixo. Sonhos desfeitos, vontades incompletas. Essa insanidade não me deixa viver por completo. É somente esperar pelo momento ideal. Aquele que me pega de surpresa, pelas coisas mais banais do mundo e conseguir estragar o meu dia. E eu confesso que tenho vontade de me jogar. E tenho mais vontade ainda de que alguém segure meu braço, na esperança de me salvar do resto de vida que corre em minhas veias.E o receio de que ninguém virá me salvar me deixa mais doente ainda. São muitos os pesos que eu carrego sozinha todos os dias, e que eu no fundo, ainda sou uma criança mimada querendo um ombro pra chorar minhas angústias. Eu queria poder compartilhar isso com alguém, assim a balança se manteria estável, assim eu poderia suportar melhor e aceitar esse peso.Mas a realidade é outra. Ninguém quer aplaudir tuas conquistas, ninguém quer chorar lágrimas pelo teu ser. Nasces-te completamente sozinho e assim vais permanecer pro resto da tua vida. Sem poder depositar 100% de confiança, espera, amor em alguém. E o mínimo que poderás fazer é lidar com isso sozinho.Eu luto todos os dias. Eu me engano a cada minuto que passa. Tento me manter embriagada de sonhos, de pensamentos, de músicas, de textos, de televisão. Qualquer coisa que me tire desse mundo, é melhor do que me manter 1 minuto sóbria, desperdiçando este minuto com coisas vagas, ou com o próprio buraco da amargura que eu tento tanto esconder.É difícil me fazer companhia. Se eu pudesse, fugiria de mim mesma. Voltaria pras histórias encantadas ou pro lugar de onde eu não deveria ter saído. Que propósito é esse que me aguarda? Viver a vida em vão? Me ver cada vez mais fraca pra ir atrás do que almejo?Chega a ser contraditório, incoerente! Tantos sonhos em uma pessoa aparentemente saudável, mas que por dentro está podre e mal consegue viver um dia de cada vez, quem dirá, fazer algo por si mesma quando tudo já não faz mais sentido.Eu tento ter esse abismo como meu amigo, meu companheiro, meu refúgio. Mas eu sei que ele só quer meu mal. Só espera o dia em que me encontre frágil demais para me engolir pras trevas que ele me reserva. Trevas mais obscuras que meus pensamentos. E eu sei que teria coragem de me jogar. E mesmo sabendo que ninguém merece que eu me mantenha firme, ainda existe em algum lugar, alguma força que me prende cada vez mais nessa vida, na qual batizei carinhosamente de monotonia devido ao momento que to passando.Talvez toda alma se divide em duas. Ainda resta uma parte iluminada dentro de mim, uma criança que chama meu nome todos os dias e insiste pra eu ficar. Pra eu tentar apenas mais um dia...

Nenhum comentário: